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A revolução do vírus sincicial respiratório
Revolução... conforme vou ficando mais velho, tenho achado essa palavra meio boba. E na maioria das vezes exagerada. As mudanças contínuas que alteram os padrões habituais da vida da humanidade – não apenas nas questões de saúde – são evoluções. Muitas vezes positivas, às vezes negativas. Mas não são “revoluções”. São adições a uma construção que vem sendo feita há muitos e muitos anos... mas, obviamente, eu divago.
A ideia aqui é falar sobre as mudanças recentes que estamos começando a vivenciar no que diz respeito às infecções causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O VSR é a principal causa da bronquiolite em crianças. Já discutimos aqui antes o impacto da bronquiolite da vida de crianças e suas famílias. Em resumo, trata-se de uma das principais causas de internação em crianças de menos de 2 anos. E causa também, é claro, de muita preocupação para os pais e cuidadores.
O que vem prometendo mudar esse cenário é o desenvolvimento de duas ferramentas para diminuição do impacto das infecções pelo VSR em crianças e adultos (em especial idosos, que são bastante suscetíveis ao vírus).
Primeiramente, foi lançada a vacinação contra o VSR. A vacina, eficaz e segura de acordo com as avaliações iniciais, não está liberada para uso em crianças. Mas pode ser usada por adultos que convivem com bebês, e em especial para os idosos. Certamente veremos ao longo dos próximos meses e anos uma expansão do uso da vacina para outras faixas etárias, o que pode reduzir muito o impacto das infecções pelo VSR, em especial de sua manifestação mais grave em crianças pequenas: a bronquiolite.
Além da vacina, já está sendo aplicada em grandes estudos uma medicação chamada nirsevimab. Trata-se de um imunobiológico (medicação que confere ao organismo a capacidade de melhorar a resposta imunológica específica a uma infecção ou a outro insulto inflamatório) que, ao ser aplicado em bebês, mostrou a capacidade de diminuir a incidência e a gravidade das infecções pelo vírus sincicial respiratório. Em um grande estudo realizado na Espanha, as taxas de internação por bronquiolite relacionada ao VSR diminuíram consideravelmente. Ainda não há perspectiva de chegada rápida da medicação ao alcance da maior parte da população mundial. Contudo, os resultados de momento não muito promissores.
Esses dois avanços acima descritos têm a possibilidade real de mudar a maneira que encaramos as infecções pelo VSR em crianças pequenas, trazendo mais tranquilidade para pais, mães e cuidadores de crianças pequenas. Seguiremos acompanhando os próximos capítulos do desenvolvimento dessas ferramentas.
Lembre-se de, no momento da dúvida, contar com seu pediatra como um parceiro nas tomadas de decisão e no cuidado com as crianças.
Até a próxima!
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