Ansiedade em Crianças

Entendimento, prevenção e cuidado

Um dos assuntos mais exaustivamente debatidos nos dias de hoje, no que diz respeito à saúde, é o transtorno de ansiedade e suas variações. Seja para adultos, adolescentes ou crianças, não seria exagero afirmar que a ansiedade é o mal do século (com devido respeito aos membros da segunda geração da poesia romântica brasileira... 😉).

Na edição de hoje da Newsletter, falaremos um pouco sobre os sinais e sintomas de ansiedade em crianças e adolescente, bem como sobre algumas ideias referentes a tratamento e prevenção.

A abordagem do transtorno de ansiedade em crianças e adolescentes requer uma compreensão cuidadosa de sua definição, diagnóstico, tratamento e prevenção, com base em diretrizes clínicas e evidências científicas atualizadas.

Ansiedade em Crianças: características gerais

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno de ansiedade em crianças é caracterizado por preocupações excessivas e persistentes que são desproporcionais ao contexto, interferindo significativamente em várias áreas da vida da criança, como socialização, desempenho acadêmico e relações familiares.

O diagnóstico desse transtorno requer uma avaliação clínica abrangente, considerando os sintomas específicos apresentados pela criança, sua gravidade e duração. Entre os sintomas mais comuns, podemos citar os da lista abaixo:

1. Nervosismo Excessivo: Crianças ansiosas podem apresentar nervosismo desproporcional em situações cotidianas.

 2. Preocupações Constantes: Preocupações persistentes sobre coisas como escola, amigos ou atividades podem indicar ansiedade.

3. Comportamento Retraído: Se uma criança se torna mais retraída, evitando interações sociais ou atividades que antes desfrutava, isso pode ser um sinal de ansiedade.

4. Problemas de Sono: Dificuldades para adormecer, pesadelos frequentes ou acordar durante a noite podem ser sintomas de ansiedade.

Fatores de Risco

Os sinais e sintomas que citamos acima são bastante amplos, e ocorrem, de forma transitória, na vida de boa parte das crianças (a adultos também, é claro). Muitas vezes é difícil, para pais, mães, cuidadores, e mesmo para profissionais de saúde, estabelecer a diferença entre pequenos períodos de ansiedade e um diagnóstico claro do transtorno de ansiedade.

Crianças com fatores de risco específicos para o desenvolvimento do transtorno de ansiedade podem ser, nesse caso, observadas mais de perto, facilitando a decisão sobre uma eventual decisão terapêutica. Entre os fatores de risco reconhecidos, podemos ressaltar:

1. Genética/Comportamento parental: Pais ansiosos têm mais chance de terem filhos ansiosos. Nesse aspecto, a “hereditariedade” se manifesta de duas formas. Características orgânicas podem de fato ser transmitidas dos pais para os filhos, aumentando a chance de desenvolvimento de ansiedade. Mas é possível ainda que essa ansiedade de mães e pais crie um ambiente de agitação, insegurança ou superproteção, que aumenta a chance do desenvolvimento do transtorno de ansiedade em crianças.

2. Ambiente Familiar: Estresse familiar, perdas ou mudanças significativas nas estruturas habituais podem desencadear ansiedade em crianças.

3. Pressão Acadêmica ou Social: Expectativas elevadas na escola ou dificuldades de relacionamento com colegas podem aumentar a ansiedade. Nesse cenário é que entra o bullying, tanto o “real” (agressões e assédio por colegas) quanto o “percebido” (atitudes habitualmente consideradas adequadas geram uma reação exacerbada por parte da criança, que se retrai ainda mais).

Tratamento e Prevenção

Uma vez diagnosticado, o tratamento do transtorno de ansiedade em crianças envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir psicoterapia cognitivo comportamental, terapia familiar e farmacoterapia, dependendo da gravidade dos sintomas e das necessidades individuais da criança. A terapia cognitivo comportamental, em particular, demonstrou ser eficaz na redução dos sintomas de ansiedade e no ensino de habilidades de enfrentamento saudáveis.

Além do tratamento, a prevenção do transtorno de ansiedade em crianças também é fundamental. Isso inclui promover um ambiente familiar e escolar seguro e de apoio, ensinar habilidades de enfrentamento eficazes desde cedo, incentivar a expressão emocional aberta, promover estilos de vida saudáveis que incluam dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado, e estar atento a quaisquer sinais precoces de ansiedade para intervir precocemente.

É importante que pais, cuidadores e profissionais de saúde trabalhem juntos para identificar e tratar o transtorno de ansiedade em crianças, garantindo assim o bem-estar emocional e o desenvolvimento saudável desses jovens. A abordagem proativa e baseada em evidências é essencial para fornecer o melhor suporte possível às crianças que enfrentam desafios relacionados à ansiedade.

Os profissionais de saúde, tanto os que trabalham diretamente com a saúde mental, quanto o pediatra, que supervisiona a saúde da criança como um todo, podem e devem fazer parte desse processo, como fonte de apoio e orientação para crianças, adolescente e suas famílias.

Até a próxima!

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