Bronquiolite - O que precisamos saber?

Chato para os pequenos, tenso para os adultos.

 Ter um bebê pequeno em casa é um desafio por si só. Dúvidas, choros, fraldas, sono... convenhamos, não é fácil. E quando, além de tudo, o bebê apresenta sinais de dificuldade para respirar? Esse é o cenário em um dos quadros clínicos que mais preocupam pais e cuidadores: a famosa bronquiolite.

 Claro que a preocupação é totalmente compreensível. Ninguém gosta de ver seu filho ou filha respirando com dificuldades. No entanto, como veremos hoje aqui, a imensa maioria dos casos tem uma resolução muito satisfatória. Como diriam os antigos (tipo eu), os bebês em geral “tiram de letra” a bronquiolite.

 Esse é o tema de hoje na Newsletter De Zero a Vinte.

 A bronquiolite atinge, em geral, crianças de até 2 anos de idade, mas com uma predileção especial por bebês no primeiro ano de vida. A causa mais comum é a infecção viral. Vários vírus diferentes podem ser o gatilho para a bronquiolite, mas o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é sem dúvida o agente causador mais frequente. O VSR circula ao longo de todo o ano em países de clima quente, com um aumento nos meses de outono e inverno. Como acontece com a maior parte dos vírus respiratórios, a transmissão acontece pelo contato com as secreções respiratórias nas mãos e rosto. Dá pra imaginar porque espaços de convivência entre crianças pequenas acabam sendo locais de fácil transmissão, não é mesmo?

 Agora, o que o vírus desencadeia nas vias respiratórias e no pulmão dos bebês? As vias pulmonares (brônquios e bronquíolos) são como troncos ocos de uma árvore, por dentro dos quais passa o ar que entra no corpo na respiração, chegando por fim aos alvéolos onde o oxigênio é absorvido pelo organismo. (ver imagem) Diante da infecção, a superfície das vias respiratórias e pulmonares se inflama, com aumento da produção de secreção e diminuição do espaço para passagem de ar. Se em um bebê essas vias já são estreitas normalmente, com a diminuição do calibre, a chegada do ar aos alvéolos fica mais difícil. Daí vem os sintomas de cansaço e dificuldade para respirar.

 E como esses sintomas aparecem no bebê? O primeiro sinal é a respiração acelerada, frequentemente acompanhada de aumento do trabalho muscular, como tentativa de aumentar a força da respiração. Vemos isso através de movimentos muito intensos da barriga durante a respiração, ou do batimento das asas do nariz (Ver vídeo). Além disso, o acúmulo de secreção nas vias aéreas superiores leva à obstrução nasal. Como o bebê ainda não é capaz de coordenar a respiração pela boca, essa obstrução também contribui muito para o esforço respiratório.

 A bronquiolite pode durar, na maioria dos casos, até 14 dias. No entanto, a fase mais intensa da doença costuma ser entre o terceiro e o quinto dia dos sintomas. É nesse momento que frequentemente os bebês podem precisar de algum suporte. Mas... como saber se seu filho precisa de atenção imediata? Que sinais qualquer pai, mãe ou cuidador pode usar para entender se é hora de procurar assistência? Não existe fórmula perfeita, claro. Mas em geral, como eu costumo dizer, se o bebê consegue executar suas “funções sociais”, está tudo bem. As funções sociais do bebê, claro, incluem mamar, dormir, chorar, fazer xixi e cocô e, dependendo da faixa etária, brincar. Quando o excesso de energia gasta para respirar impede a criança de manter seu comportamento normal, é hora de falar com seu pediatra ou procurar assistência médica. Mesmo nos casos em que essa assistência é necessária, na imensa maioria dos casos, a evolução é excelente, com recuperação completa após o período do ciclo viral.

 Um pequeno comentário antes de irmos em frente. Uma das consequências “culturais” da pandemia de Covid-19 é que, hoje em dia, muitas famílias têm oxímetros de pulso em casa. E assim, inevitavelmente, tentam medir a saturação dos bebês durante os quadros de bronquiolite. As medições de saturação de bebês em casa são frequentemente muito imprecisas, e trazem mais angústia do que respostas para as famílias. Se há dúvida com relação à respiração da criança, é melhor que ela seja vista por um profissional de saúde.

 Feito este aparte, podemos voltar ao que realmente importa. Mantendo os bebês bem hidratados, mamando, com o nariz desobstruído através da lavagem nasal, em poucos dias o quadro tende a melhorar, e as famílias conseguem voltar, com perdão do trocadilho, a respirar mais tranquilas.

 Como sempre, estamos disponíveis para dúvidas nos comentários ou pelo Instagram. Mas, em caso de dúvida urgente, não hesite em falar com seu pediatra ou procurar um serviço de saúde.

 Até a próxima!

Em caso de dúvidas ou sugestões de temas, responda a esse e-mail. Tentaremos responder sempre que possível.  

 

Disclaimer: a informação contida nesta newsletter tem caráter meramente informativo, não se caracterizando como aconselhamento médico. O conteúdo desta comunicação não tem objetivo de substituir avaliações médicas, diagnósticos ou condutas. Em caso de necessidade, procure seu médico ou profissional de saúde. 

 

 

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