Rinite Alérgica

Incômodo frequente para crianças e adultos

Nariz sempre entupido e escorrendo. Coceira nos olhos, ouvidos e nariz. Noites mal dormidas. Esse é um cenário comum entre as crianças e adultos que sofrem com a rinite alérgica. Como tudo aquilo que afeta o bem-estar das crianças, a rinite alérgica traz muito incômodo e preocupação para pais, mães e cuidadores.

Esse é o tema de hoje da newsletter De Zero a Vinte.

A rinite alérgica é uma condição comum em crianças, caracterizada pela inflamação crônica da mucosa nasal e da nasofaringe, relacionada a reações alérgicas a substâncias como pólen, ácaros, mofo ou pelos de animais. A exposição a esses fatores funciona como um gatilho, que dispara os sintomas da rinite.

Para os responsáveis por crianças com rinite alérgica, é importante ficar atento aos sintomas que podem caracterizar o quadro, até porque muitas vezes esses sintomas se confundem com os de outros quadros frequentes na infância, como resfriados e conjuntivites virais.

Entre os sintomas mais comuns da rinite alérgica em crianças podemos citar a coriza e congestão nasal, associadas a espirros frequentes e coceira, não apenas no nariz, como também nos olhos, ouvidos e até mesmo no céu da boca. Além disso, particularmente em crianças menores, é comum a ocorrência de tosse, relacionada principalmente ao gotejamento de secreção nasal posterior.

Os quadros mais persistentes de rinite alérgica podem trazer prejuízos para a saúde e o desenvolvimento das crianças. Há associação com dificuldade de executar as atividades do dia a dia, dificuldades de atenção, memória e aprendizado, além de distúrbios do sono.

Por conta disso, uma vez que é levantada a suspeita desse diagnóstico, devemos tentar entender os detalhes desse processo, começando por saber qual é o “gatilho” responsável pela rinite em cada caso. Os mais comuns incluem fatores presentes na maior parte dos ambientes internos ao longo de todo o ano, como mofo, ácaros presentes na poeira, pelos de animais domésticos. Muitas vezes é difícil, mesmo com auxílio de exames complementares, identificar qual é substância responsável pelo processo alérgico. Ainda assim, a análise de cada ambiente pode permitir o entendimento sobre que tipo de medida pode trazer alívio para os sintomas.

Além dos fatores domésticos, existem também os alérgenos sazonais. Diversos tipos de pólen podem ser causa de episódios intensos de rinite alérgica. Daí vem, por exemplo, a expressão “febre do feno”. A identificação específica do tipo de exposição responsável pelos sintomas frequentemente é difícil, mas pode ser mais uma ferramenta para orientar a melhor forma de lidar com esses sintomas muitas vezes extremamente desconfortáveis.

Medidas terapêuticas

A abordagem da rinite alérgica em crianças envolve uma abordagem multifacetada. O primeiro componente seria evitar o contato com os alérgenos específicos, que podem ser identificados tanto clinicamente, pelo surgimento de sintomas após a exposição, quanto por exames complementares. Como fazer isso diante dos alérgenos mais comuns?

· Ácaros: os ácaros estão presentes na poeira que circula pela casa. Essa poeira, por sua vez, tem como origem principal restos de pele humana. Por isso, os principais locais de acúmulo de ácaros são colchões e roupas de cama. Assim, trocas frequentes de roupa de cama, e uso de protetores de colchão específicos que controlam ácaros são medidas importante na redução da exposição. Uso do aspirador de pó e de dispositivos para controle da umidade do ambiente também são ferramentas úteis.

· Animais domésticos: polêmica!! Em termos puramente científicos, a recomendação para o manejo da rinite em pacientes com alergia a pelos de animais seria a retirada do animal do ambiente domiciliar. Mas, cá entre nós, não sou eu que vou falar que a família tem que “abandonar” um componente no meio do caminho. Medidas parciais, como aspiração vigorosa dos ambientes e manter o animal fora do quarto em que a pessoa com rinite dorme, já podem trazer algum benefício.

· Mofo: no caso do mofo, controlar a umidade excessiva e realizar a limpeza das áreas de acúmulo são as medidas mais importantes.

 

O segundo componente da abordagem da rinite é o tratamento medicamentoso. Medidas como o uso de antialérgicos orais e nasais, moduladores imunológicos e corticosteroides tópicos estão entre as medidas mais frequentes utilizadas, em geral com boa resposta, no tratamento da rinite alérgica. Em caso de dúvidas sobre medicamentos específicos, pode entrar em contato conosco, ou então com seu médico.

Finalmente, em casos mais graves, ou naqueles em que é possível estabelecer uma identificação clara da substância que desencadeia os sintomas da rinite, um alergologista pode indicar a realização de imunoterapia. Nesse caso, um preparado feito a partir do alérgeno, em concentrações específicas, é injetado (ou, em alguns casos, ingerido) no paciente, diária ou semanalmente, para dessensibilizar o organismo, diminuindo a intensidade da resposta ao estímulo alergênico e, consequentemente, aliviando a intensidade dos sintomas.

A rinite alérgica é um distúrbio frequente em crianças, que traz muito desconforto no dia a dia, mas que também, em determinados casos, pode gerar consequências em curto, médio e longo prazo no desenvolvimento das crianças. Dessa forma, em caso de sintomas ou dúvidas, não deixe de conversar com seu médico. Respondendo a esse e-mail ou comentando no site ou Instagram, eventualmente poderemos também tirar alguma de suas dúvidas.

 

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