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Férias!
Telas, natureza e o dia do pediatra
Férias! Sempre uma oportunidade de refrescar as ideias, o corpo e a mente. Escapar um pouco da rotina e dos compromissos do trabalho, conhecer e experimentar coisas novas. Se para nós adultos é assim, para as crianças não é diferente. O dia a dia dos pequenos (e dos nem tão pequenos assim) tende a ser bem corrido, com escola, dever de casa, atividades extracurriculares, esportes... descansar a cabeça e o corpo também é muito importante para eles.
Nesse contexto, a newsletter de hoje vai fugir um pouco do modelo tradicional, para podermos falar de dois pontos importantes do período de férias para a saúde das crianças. Estamos falando da redução da exposição a telas e do contato com a natureza.
A exposição excessiva a telas, como televisão, computadores, smartphones e tablets, tornou-se uma realidade comum na vida de muitas crianças. Embora a tecnologia tenha trazido benefícios e facilidades para o cotidiano, também trouxe preocupações significativas sobre o impacto que essa exposição pode ter na saúde e no desenvolvimento das crianças.
As consequências negativas da exposição excessiva a telas em crianças são amplamente estudadas e documentadas. Uma das principais preocupações é o impacto no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem. Quando crianças passam longas horas diante das telas, podem perder oportunidades valiosas de interação social, exploração do ambiente e atividades lúdicas, fundamentais para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e socioemocionais.
Além disso, a exposição prolongada às telas também pode afetar o sono das crianças. A luz azul emitida pelos dispositivos eletrônicos pode interferir na produção de melatonina, o hormônio que regula o sono, resultando em dificuldades para dormir e distúrbios do sono. Esse assunto, aliás, foi tema de uma edição anterior da newsletter.
Finalmente, a dependência excessiva de telas pode levar ao isolamento social, dificultando o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis. Aliás, em uma edição futura, abordaremos especificamente o impacto das mídias sociais na saúde mental dos adolescentes.
Certo. A exposição a telas é um problema. Mas, no dia a dia, não é fácil suspender o uso desses dispositivos. Eles fazem parte das nossas vidas, tanto dos adultos como das crianças. As estratégias de moderação mais comuns (estabelecimento de regras e horários para o uso) podem ser bem úteis nas situações do cotidiano. Já o período de férias, por sua vez, traz uma alternativa. É a oportunidade de uma “desintoxicação” da exposição excessiva a telas e dispositivos.
Uma excelente opção é incentivar atividades ao ar livre, próximas à natureza. Estudos têm demonstrado que o contato com a natureza traz inúmeros benefícios para a saúde física, mental e emocional das crianças.
Atividades ao ar livre permitem que as crianças explorem o ambiente, estimulando sua curiosidade e criatividade. Brincar ao ar livre promove o desenvolvimento motor, a coordenação e o equilíbrio, além de proporcionar uma sensação de liberdade e bem-estar. A exposição à natureza também é conhecida por reduzir o estresse e a ansiedade.
Outro benefício das atividades ao ar livre é a oportunidade de interação social e o fortalecimento dos laços familiares. Brincar em parques, praças ou na praia permite que as crianças interajam com outras crianças, aprendendo a compartilhar, a trabalhar em equipe e a resolver conflitos.
E isso vale para os adultos também. É uma via de mão dupla. As férias trazem a oportunidade única de compartilhar esses momentos com as crianças, longe das “nossas próprias telas”. Eles crescem muito, muito rápido, e o fato é que não sabemos quantas oportunidades teremos para estar ao lado deles enquanto eles descobrem o mundo.
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Semana passada, foi o dia do Pediatra. Esses “dias disso, dias daquilo” não me dizem muita coisa. Acaba que as pessoas se utilizam disso para se auto congratular, ou para “fazer média” com colegas de profissão, e em geral não sou muito afeito a esse tipo de coisa.
No entanto, quero aproveitar a oportunidade para compartilhar uma visão que tem se tornado cada vez mais frequente dentro da minha prática como pediatra. É o seguinte: ter filhos, cuidar de crianças, planejar a vida de outro ser humano... é bem difícil. É assim pra todo mundo (pra mim também!).
Cada vez mais, como pediatra, eu me vejo como um parceiro de mães, pais e cuidadores. Claro que existe o conhecimento técnico e a experiência prática. Mas o mais importante mesmo é o “estar ali”, presente e disponível para “trocar uma ideia”. Espero que possamos seguir vivendo esse processo, juntos.
Feliz dia do Pediatra, então. Para todos nós.
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